Buthô com Éden Peretta e o multinstrumentista Ernesto Valença

Boa noite. Boa tarde. Bom dia, boa madrugada! 

E assim adentramos esse tempo sono de acordares e devires de um espetáculo teatral elegante, que nos galanteia como público a apaixonar-se pelo estar contemporâneo de um, dois, alguns bons teatrais, outro músico. São artistas que põe quantidades de astronomia. É em um solo que acomete. E ao que se vê, não envolve viventes do planeta Terra, vai além do mar, aos céus e sabe... Dos mapas corporais. Que, entre ser e estar, Buthô transancestral, traduz que uma normose antiga já não tem tempo nos mesmos espaços socializantes. A vida coletiva não é muda, ela melhora. A Mostra chama Anticorpos. 

A ritmica e harmônica da verve coletiva da Universidade de Ouro Preto (UFOP) à mineiridade da Capital, vindo de essências japonesas, vem traçando um manguezal em meio à lambança de lindas e lunares bacantes no nosso amado, grande e sempre lembrado, final. 

Tudo dá para ver nesse espremido espetáculo de duração mínima - 1 hora às penas que queria voarmos juntos com os artistas, muito mais.

Damos para dizer que a obra se apresenta uma arte mais leve e suave que o ar. 

Há uma plasticidade como quem dialógica com o silêncio de estar entre o correr do sangue às águas calmas do corpo do bailarino. 

Sua tecnologia magnética pode ir do controle retido ao ofertante de simbioses, ainda que por apenas visualizá-lo. À isso, nos é brindada toda a inspiração.

Envolvente, cobrindo nosso ser porque há uma estrutura perpassante de harmonia imprescindível aos operários profissionais que passa o amor as douras do ofício artístico. E é nesse desenlace, como dissemos, que uma normose sucumbe. Já não cabe mais à mesa. E no vale há dizer que a iluminação é um obrador ao corpo do ator, professor da UFOP, Éden Peretta, coletivizado na irmanação do sonoplasta atmosférico, florestal e anímico Ernesto Valença.

O que o espetáculo de Buthô, de boa à tal Mostra Anticorpos propõe, é a institucionalidade da poesia à serviço de um cronos encorpado e permissivo às intensas profundidades do se experimentar. Uma prática de vida bem-vinda para fazer dianteira às robóticas estéreis que insistem de forma canalha no modelo de dominação das nossas paixões por viver. O espetáculo murobuçhico nos resgata nessa! A letra cedilha tem contorno de outras línguas que não é o português brasileiro, trazendo a bruma que faz o título da peça fiar um sonho que não sonhamos, mas imaginamos.

A peça entrou tanto que o que apetece é o solar peito aberto e o coração rebombeado do espectante ao terminar de reacender mais um assentir ao assistir em paz essa dança, que de tão bonita, entorna-se em valor de existência. 

Sem crises! 

Só belo e bom, de coração.

● Você consegue enlaçar o bilhete na plataforma do sympla e está abrigado na Funarte. Rua januária, 68. 

Digite: Ocupação Funarte Anticorpos 10 anos.

Comentários

  1. Você escreve bem demais! Parabéns!

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  2. Parabéns pela bela contextualizacao, que nasce do coração de uma atriz, que entrega sua sensibilidade ao mundo.

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  3. texto muito bom, cairia muito bem sendo narrado e acompanhando de imagens do espetáculo, em um vídeo; quem sabe não é um projeto pra gente? novamente, muito bonita e sensível a crítica ao espetáculo, mantenha fazendo :)

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