Crítica do espetáculo de dança de Santa Luzia "Elis 40 anos de legado"

 Assistido no teatro SESIMINAS em 11/01/2024

Elis é corpo. É sensualidade com vigor. O musical sem pobreza, na nobreza da dança, ginga cada nuance de agudos, de arranque da voz aos movimentos ritmados. Brasil e a voz expoente em corpos reluzentes - esse é o musical. A sensual espacialização da força tonificada de cada membro do corpo de dança, de cada membro dos corpos dos bailarinos e bailarinas nos convidam a trespassar o chão e olhar o jogar das pernas às estrelas! Elis é enluarada. 

As bailarinas e os bailarinos são fulminados pelo poder de uma das vozes mais singulares do mundo. Uma voz aberta e pictórica que acasala no palco escuro com a dança de artistas traduzidos no que a arte da música traça de semblante nos corpos. A dança é linda! O conjunto ritmado. Algumas com ombros suspensos como que apimenta o narizinho arrebitado da cantora homenageada como se fosse sua semelhança a umas pontas dos pés. Um giro. Um jogar-se ao chão. E o estender dos braços pelos ares, desenhando os espaços vazios. 

É muito como nossos pais sonharam se a Elis fosse bailarina ela seria esse alarido vibracional dos corpos em harmonia. Elis o musical é livre e alegre. É Elis no sonho contemporâneo que vive um balão de bailado. É mais que uma Elis estrela. O que fizeram foi uma galáxia de Elis e temos como espectador, com os corações apontados, um pedido cadente, solar e às vezes lunar, que temeu a ditadura, enfrentou a perseguição, a ameaça, temeu seus amigos e da morte lançou um raio de canção para quem pudesse emocionar quisera viver. Elis foi o único sopro de vida em meio aos ditadores quando canto em campo militar. Chance tiveram quando aos céus a voz dela à serviço esteve. Brasil é fases e todas elas tem no romper do silêncio a voz melódica e vigorosa de um patrimônio eternizado em solos tropicais, que da bossa nova um jazz, tem o nome de Elis Regina. A pimentinha adorável e eternamente amada porque nos faz feliz, atenta e forte. Elis é o grito que retira o lacre das articulações em movimentos com partituras corporais sublimes. O musical é amor coletivo, por isso uma obra-prima.

Direção: Izabella Lorene